quinta-feira, 31 de julho de 2008

"Temos um inimigo a atacar e um patrimônio a defender"

"Vivemos (...) dentro de um processus revolucionário que mina e corrói uma realidade gloriosa, isto é, a civilização cristã. Assim, portanto, temos um inimigo a atacar e um patrimônio a defender. O patrimônio é todo o imenso e inapreciável tesouro de tradições desses 20 séculos de civilização cristã que nós tivemos atrás de nós. Patrimônio esse que não deve ser considerado como um valor estático, mas ao qual pelo contrário, cada século foi dando o seu contributo. Também nós, pela nossa fidelidade e pela nossa vida acrescemos este glorioso acervo. Em face de nós está essa Revolução que é, justamente, o contrário de tudo que amamos. Nós a devemos atacar em todas as suas manifestações."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

"Nunca os inimigos da Igreja mostraram tanta coerência, tanta unidade de objetivos, e tanto rancor quanto em nossos dias"

"Vivemos em nossos dias em um processo revolucionário que, tendo começado com o Protestantismo e o Humanismo no século XVI, alcançou um triunfo universal pela Revolução Francesa no século XVIII e pela extensão dos princípios desta no mundo inteiro, no século XIX. Esse processo chega agora aos extremos de si mesmo na afirmação do comunismo. Nós estamos, portanto, no clímax de uma longa série de apostasia.

"Nisto está a marca dominante dos acontecimentos de nossos dias, e das circunstâncias dentro das quais a Igreja age, vive e luta atualmente. Em outras épocas, a Igreja também tem tido adversários a enfrentar. Nunca, talvez, – e nesse sentido são tão numerosas as citações pontifícias que eu me dispenso de as lembrar aqui – teve Ela que enfrentar uma tão profunda investida, que A ataque com tal furor em todos os pontos de Sua doutrina, de Seus costumes, de Suas instituições, e de Suas leis. Nunca seus inimigos mostraram tanta coerência, tanta unidade de objetivos, e tanto rancor quanto em nossos dias.

"Assim, e seja qual for o ângulo do qual vejamos o panorama hodierno, é preciso que coloquemos no centro de toda a nossa perspectiva esse fenômeno: a investida multisecular das forças do mal chegada hoje a seu paroxismo."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

A propriedade individual é uma injustiça decorrida da fraqueza de Deus?

"[É estranho] que certos católicos qualifiquem a propriedade individual como uma injustiça dos outros tempos, que a Igreja teve a fraqueza de apoiar, mas da qual deve dessolidarizar-se, a esta altura da evolução humana. Porventura foi, então, uma fraqueza de Deus afirmar a propriedade individual em dois mandamentos do decálogo, "não furtarás" e "não cobiçarás os bens do próximo"? E foi uma fraqueza de Nosso Senhor Jesus Cristo corroborar o decálogo para todo o sempre, afirmando que "enquanto não passar o céu e a terra, não desaparecerá da lei um só jota ou um só til" (S. Mateus, V, 18)?"

(Fonte: "Folha de S. Paulo", 4 de abril de 1971)

Propriedade privada: um direito que nenhum Estado pode abolir

"[A] propriedade individual — com estas ou aquelas modificações acidentais — é apontada pelos documentos pontifícios como uma instituição decorrente da própria ordem natural das coisas, no que esta tem de fixo e invariável. Como uma instituição legítima, portanto, e que deve durar enquanto o mundo for mundo. Como um direito sagrado, decorrente para o homem do fato de ser homem. Um direito, pois, que nenhum Estado pode abolir sem entrar em frontal e gravíssimo conflito com a moral católica."

(fonte: "Folha de S. Paulo", 4 de abril de 1971)

"Porque este mistério?"

"O caso dos católicos contrários à propriedade privada (...) é estranhíssimo. Em primeiro lugar porque, em muitos deles a animadversão em relação à propriedade privada mais transparece do que aparece. Ou seja, mais ela filtra através de insinuações, de críticas veladas, de inesperadas conivências com a esquerda, do que se afirma de modo peremptório. — Porque este mistério? Se são a favor dela, por que jamais a defendem? Por que suas simpatias correm sempre para os que a atacam? E por que suas antipatias se voltam unicamente contra os que a defendem?"

(Fonte: "Folha de S. Paulo", 4 de abril de 1971)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O marxismo vai tomando ares de sacristão

"Em nossos dias o marxismo vai tomando ares de sacristão, e procura inviscerar-se na Igreja para a conquistar. Reconhecendo-se fracassado nos 100 anos em que lutou contra Ela de fora para dentro, procura agora matá-la de dentro para fora."

(Fonte: "Folha de S. Paulo", 14 de março de 1971)

Missão dos leigos

"Por uma misteriosa afinidade as formas, os sons, as cores, os perfumes podem exprimir estados de espírito do homem. É necessário, pois, que reflitam estados de espírito virtuosos para a formação dos ambientes em que o homem encontre os recursos necessários para a sua santificação, imagens de Deus que lhe dêem o atrativo da virtude e o estimulem por essa forma a conhecer a ter apetência daquela beleza incriada de Deus que ele só verá face a face na glória dos céus.

"Organizar uma ordem temporal que assim forme as almas e as convide para o Céu, eis uma alta missão dos leigos vivendo no século. Claro está que tal ordem temporal teria uma consonância profunda com a Revelação, os ensinamentos e as leis da Igreja, bem como com os ditames da verdadeira ciência. Ela seria pois o Reinado de Jesus Cristo, o Reinado de Maria na terra.

"A esta altura podemos nos perguntar a nós mesmos: então, no nosso século em que consiste o serviço de Nossa Senhora? Consiste em salvar as almas, por todos os meios lícitos dentre os quais queremos acentuar este: tomar todas as coisas, ordená-las dentro desse espírito e construir a cultura e a civilização cristã. Pois que uma e outra, sob certo aspecto, não são senão a disposição das coisas de maneira que elas sejam nesta vida o reflexo de Deus e orientem as almas para a vida eterna. Estar consagrado a Nossa Senhora e serví-La é sustentar, é promover e defender contra os seus adversários, a cultura e a civilização comparáveis àquela pérola preciosa que o homem deve procurar vendendo todas as coisas que tenha: cultura e civilização que são aquela paz na terra prometida aos homens de boa vontade pelos Anjos de Belém, a única paz de Cristo no reinado de Maria."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

sábado, 26 de julho de 2008

Cultura e Instrução

"Diz-se de uma pessoa que leu muito, que é muito culta, pelo menos comparativamente a outra que lê pouco. E, entre duas pessoas que leram muito, a que mais leu presume-se ser a mais culta. Como de si a instrução aprimora o espírito, é natural que, salvo razões em contrário, se repute mais culto quem for mais lido. O perigo de um erro neste assunto nasce do fato de que muitas pessoas simplificam inadvertidamente as noções e chegam a considerar a cultura como mera resultante da quantidade de livros lidos. Erro palmar, pois a leitura é proveitosa, não tanto em função da quantidade como da qualidade dos livros lidos, e principalmente em função da qualidade de quem lê, e do modo por que lê.

"Em outros termos, em tese a leitura pode fazer homens instruídos: tomamos aqui a palavra instrução no sentido de mera informação. Mas uma pessoa muito lida, muito instruída, ou seja, informada de muitos fatos ou noções de interesse científico, histórico ou artístico, pode ser bem menos culta do que outra de cabedal informativo menor.

"É que a instrução só aprimora o espírito em toda a medida do possível, quando seguida de uma assimilação profunda, resultante de acurada reflexão. E por isto quem leu pouco, mas assimilou muito, é mais culto do que quem leu muito e assimilou pouco. Em via de regra, por exemplo, um guia de museu é muito instruído dos objetos que deve mostrar aos visitantes. Mas não raras vezes ele é pouco culto: limita-se a decorar, e não procura assimilar."

(Fonte: Revista "Catolicismo", n° 51, março de 1955)

O céu

"Há no firmamento uma variedade de aspectos que vem desde a aurora até a noite posta, de maneira tal que oferece um quadro encantador, primaveril, matutino na aurora, depois vem ganhando em colorido, em força, e em majestade até chegar à gloriosa plenitude do meio dia. Em seguida ele se vai esvaindo lentamente até chegar às tristezas do crepúsculo e por fim ele toma o seu aspecto noturno. Este se conserva mais ou menos contínuo e imóvel até os primeiros clarões da aurora. Há, assim ao longo do dia uma harmoniosa sucessão de aparências que vão dos primórdios ao apogeu, e deste à decadência, num processo de progresso e retrocesso, ciclo de aspectos variados que o céu percorre."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

O Mar

"O modo porque ele [o mar] se "comporta" na praia é igualmente variado. Às vezes, o mar chega à terra célere e ofegante, outras vezes caminha para ela tardio e preguiçoso, em ondas que se movem languidamente. E outras vezes, por fim, parece tão completamente parado que se diria quase que ele se contenta em ver a terra sem tocá-la."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

"Faça uma experiência, leitor"

"Leitor, faça uma experiência. Procure algum sacerdote, ou leigo católico, hostil à TFP, e pergunte-lhe se estou com a verdade ao afirmar que o comunismo, ainda quando apenas econômico, é contrário à doutrina da Igreja. Se ele for bem esperto, desconversará, dizendo que está muito ocupado no momento, que responderá à sua pergunta depois etc. Se ele for menos esperto, desconversará também, mas de modo inábil, isto é, soltando uma torrente de imprecações contra a TFP. Se ele for bobo, dirá que estou errado.

"Neste caso, peça-lhe que me escreva, interpelando-me com toda a energia, ou desmentindo-me peremptoriamente.

"Por mim acho que, ainda que ele seja bobo, não o fará... e bem sabe por que.

"Em todo caso, faça uma experiência, leitor."

(Fonte: "Folha de S. Paulo", 7 de março de 1971)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

"Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe"

"O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.

"Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe."

(Fonte: "Folha de S. Paulo"; 10 de abril de 1974; "A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Para a TFP: omitir-se? ou resistir?")

quinta-feira, 24 de julho de 2008

"Ordenar para Deus os valores do século"

"Não se trata, para nós, de evitar as coisas do século, enquanto tais, não se trata para nós de fugir para uma Tebaida ou para o recesso sagrado de uma Ordem estritamente contemplativa, nem sequer de vivermos a vida conventual numa Ordem consagrada ao apostolado externo. Trata-se, para nós, isto sim, de estarmos dentro do século e de ordenarmos para Deus os valores do século que foram criados para Ele e dos quais se deve exigir que Lhe dêem glória. Trata-se de comunicar a esses valores o seu verdadeiro caráter cristão."

(Fonte: "Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959 - Conferência proferida em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1958, durante o Congresso da Ordem Terceira do Carmo)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Falsa paz: a tranqüilidade da vergonha sob a vara de ferro da impiedade

"Em matéria de guerra, só quero a legítima defesa.

"Quanto à paz, que Santo Agostinho definiu como a tranqüilidade da ordem, tenho-a em conta de um bem inapreciável. Dela disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Eu vos deixo a minha paz. Eu vos dou a minha paz" (São João, 14, 27). É a paz de Cristo no Reino de Cristo. Amo-a, pois, de todo o coração.

"E por isto detesto, também de todo o coração o contrário dela: a tranqüilidade da vergonha sob a vara de ferro da impiedade."

(Fonte: Folha de São Paulo, 7 de fevereiro de 1971)

A Igreja é a grande moralizadora dos povos

"O século XX vota um culto supersticioso ao Estado, de quem espera a solução para a crise contemporânea. Mas ele, por si só, não está em condições de solucioná-la. A Igreja é a grande moralizadora dos povos."

(Fonte: "Folha da Noite", 1° de outubro de 1935)

O Santo Natal foi o primeiro dia de vida da civilização cristã

"Considerando os fatos numa vasta perspectiva histórica, o Santo Natal foi o primeiro dia de vida da civilização cristã. Vida ainda germinativa e incipiente, como os primeiros clarões do sol que nasce; mas vida que já continha em si todos os elementos incomparavelmente ricos, da esplendida maturidade a que se destinava."

(Fonte: Catolicismo Nº 24 - Dezembro de 1952)